O que um cuidador de idoso não pode fazer, e por que é importante respeitar os limites

Acompanhar um idoso e ajudar a manter sua saúde e qualidade de vida é uma função muitas vezes confundida com a dos enfermeiros ou técnicos de enfermagem. Mas um cuidador de pessoa idosa não pode fazer algumas tarefas. Entenda quais!

O acompanhante de um idoso pode ajustar uma sonda que saiu do lugar? E se o idoso  estiver dormindo, o cuidador pode fazer as tarefas domésticas para a família? Dúvidas como essas são comuns, e hoje vamos ajudar você a entender melhor o que um cuidador de idoso não pode fazer.

Em primeiro lugar, tirar o cuidador das funções para as quais ele foi contratado, no mínimo, faz com que diminua o tempo dele junto à principal razão de sua atenção, ou seja, quem mais precisa dele: a pessoa idosa.

Veja a seguir as tarefas que não devem ser passadas a esses profissionais, e por que é essencial respeitar os limites. 

Indicar ou receitar medicamentos ou tratamentos

De acordo com o tipo de formação do cuidador, há limitações impostas a ele, mesmo que tenha noções básicas de saúde. Seu conhecimento é importante para, por exemplo, perceber sintomas de doenças comuns na terceira idade ou de situações de emergência e pedir socorro. 

Além disso, o cuidador de idosos pode acompanhar o paciente em exercícios físicos leves e consultas médicas, ir com ele a clínicas e hospitais para realização de exames e administrar medicamentos por via oral, nas dosagens e horários prescritos pelo médico. 

Isto é, tudo deve ser orientado por especialistas de suas devidas áreas, sendo até, de preferência, a rotina definida no diário do cuidador. O objetivo é monitorar o estado de saúde do idoso, mas seguindo as orientações da equipe multiprofissional e as premissas do cuidado humanizado. 

O que um cuidador de idoso não pode fazer: diagnosticar, indicar e receitar remédios ou, ainda, oferecer medicamentos não prescritos.

Realizar procedimentos específicos da enfermagem

Aplicar injeções no músculo ou veia, cuidar de grandes feridas, trocar curativos em lesões profundas são alguns exemplos de funções específicas dos profissionais de enfermagem, não sendo, portanto, atribuições de um cuidador de idosos. 

Em vez de usar seu tempo de serviços fora de seu campo de atuação, o cuidador deve favorecer as atividades diárias do idoso, estimulando a sua autonomia e independência, de acordo com as suas condições, auxiliando também na autoestima. É o caso, por exemplo, da ajuda com a imagem pessoal do paciente, no cuidado com suas unhas, cabelos e vestuário, além da organização de sua rotina e higiene corporal.

Realocação de sondas

O ato de cuidar não caracteriza o acompanhante como um profissional de saúde. Sendo assim, não cabe a ele executar procedimentos técnicos como colocação e/ou realocação de sondas ou instalação de soro. 

Inserir ou ajeitar uma sonda alimentar ou vesical que saiu do lugar é um procedimento delicado que deve ser feito somente por um especialista que tenha conhecimento e preparo para lidar com esse equipamento.

Em relação à limpeza das sondas, é muito importante que o cuidador de idoso receba a orientação de um profissional capacitado para fazer a esterilização correta. 

Higienização de ferimentos graves

O cuidador de idoso não é, necessariamente, um profissional técnico de enfermagem. No entanto, muitos ainda confundem as duas funções. Assim, é preciso esclarecer que os ferimentos leves podem ser higienizados, inclusive com troca de curativos, pelo cuidador que recebeu as instruções do profissional de saúde.

Quanto aos ferimentos mais sérios e pontos de cirurgia, são procedimentos que devem ser realizados por um enfermeiro ou técnico de enfermagem, pois o risco de infecção aumenta. Portanto, é necessário saber a forma correta de limpar o local para não colocar a vida do paciente em risco.

Cuidar das tarefas domésticas

Colocar a roupa do idoso para lavar depois que ele defecou/urinou ou sujou ao se alimentar é uma iniciativa que pode ser tomada pelo cuidador de idoso. Isso vale também se o profissional precisar limpar o alimento que o paciente deixou cair no chão, pois ajuda a manter a higiene do local, evitando quedas e outros problemas. 

Porém, não é função do cuidador dar conta de serviços domésticos para a família. Quando isso acontece, é retirada a atenção à pessoa assistida, aumentando os riscos, inclusive de quedas.

Às vezes, as pessoas podem confundir as tarefas porque a função de cuidador de idoso não foi regulamentada, ou seja, não é uma profissão, e quando executada no lar do paciente, sua contratação é feita em carteira assinada como empregado doméstico. 

Assim, é recomendável conversar e acertar os detalhes com a família ou o próprio idoso, quando possível. Lembre-se: o combinado não sai caro! Negociar é a chave para uma boa relação entre o cuidador, a pessoa cuidada e sua família. 

Servir os demais familiares ou visitas

A rotina de um cuidador de idosos pode incluir o preparo de refeições e o controle para que elas sejam servidas nos horários certos, mas apenas a alimentação da pessoa assistida. 

Desse modo, ele pode tomar conta da alimentação e hidratação, conferindo  qualidade e validade dos produtos, verificando o equilíbrio das propriedades nutricionais, auxiliando na elaboração do cardápio. 

O que um cuidador de idoso não pode fazer? Servir os familiares ou visitas, muito menos lavar suas louças do jantar no final de semana, servir cafezinho, lanche, passar pano na casa e outras funções típicas de um empregado doméstico. 

Quando isso acontece, o cuidador acaba sobrecarregado, dificultando a manutenção da qualidade de seu trabalho junto ao idoso, principalmente quando este tem sua mobilidade limitada, alguma deficiência ou está em recuperação de saúde. 

Mesmo quando o paciente está dormindo, existem as demandas indiretas, tais como checar os medicamentos, a agenda de consultas, além da limpeza e organização do entorno. O ambiente onde o idoso vive deve estar sempre limpo e arrumado, com seus objetos nos locais de costume. 

Passear com animais de estimação e cuidar das crianças

Qualquer atividade que não esteja focada no idoso não é atribuição de seu cuidador. Por exemplo: passear com o cachorro ou o bebê, brincar com as crianças ou pegá-las na escola. 

Para o bem do paciente e a tranquilidade de todas as partes, o ideal é que detalhes relevantes a cada situação sejam pré-estabelecidos em contrato, sempre priorizando o bom-senso.

Funções do cuidador domiciliar: planejamento ajuda a manter a qualidade da assistência

É fundamental planejar as atividades que o cuidador vai realizar junto aos profissionais de saúde e familiares. Esse planejamento deve ser feito de acordo com as necessidades da pessoa a ser cuidada, seu estado de saúde, história e estilo de vida, bem como, segundo os conhecimentos e a disponibilidade do cuidador. 

Essa parceria é crucial para a sistematização das tarefas a serem realizadas no próprio domicílio, sempre privilegiando as atividades de promoção à saúde, prevenção de incapacidades e manutenção das habilidades funcionais do idoso. 

O planejamento tem que deixar claro para todos o que o cuidador pode e deve desempenhar, inclusive, quando chamar os profissionais de saúde e reconhecer sinais e sintomas de perigo. Escrever as rotinas ajuda muito.

As tarefas do cuidador de idosos segundo a CBO- 5162-10

Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações, o cuidador de idosos está listado como CBO-5162-10. Para tirar dúvidas sobre suas atividades, você pode acessar e baixar aqui a tabela oficial do MT sobre a função.

No site acima, é possível consultar também informações sobre histórico de ocupações, características de trabalho, competências pessoais, áreas de atividade, recursos de trabalho, relatório da família e muito mais. 

A CBO não tem o poder de regulamentar as profissões como a de cuidador de idosos que, enquanto aguarda aprovação do Congresso Nacional e sanção da Presidência da República, é uma função reconhecida no documento que retrata a realidade das profissões do mercado de trabalho brasileiro, instituído com base legal na Portaria n.º 397, de 10/10/2002.

A importância dos limites no papel do cuidador

De modo geral, as condições de trabalho dos cuidadores podem envolver situações mais desafiadoras, com alterações de comportamento por parte da pessoa cuidada, muitas vezes lidando até com a agressividade. 

No entanto, mesmo quando esse tipo de situação não acontece, todo cuidador precisa manter sua integridade física e emocional. O que inclui ter qualidade de vida e conversar sobre seus limites. A ideia é não sobrecarregar quem cuida para que se possa oferecer o melhor serviço possível. 

O cuidador profissional sem funções e dias delimitados acaba sem tempo livre para se cuidar e recuperar as energias, além de comprometer a rotina de atenção ao idoso por conta do tempo dedicado a outras atividades. 

Quer saber mais sobre a rotina de um cuidador de idosos, seus direitos e deveres? Confira este post e descubra também qual a remuneração para quem exerce essa função. 

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